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Comparabilidade de biosimilares: desvendando esse enigma

Atualizado: 10 de fev. de 2021




Como mencionado no artigo anterior, o desafio biotecnológico da indústria farmacêutica nacional já começou e as empresas que não se prepararem podem ficar presas ao modelo de genérico e similares com margens cada vez mais apertadas. Mas quais etapas deve-se percorrer no desenvolvimento de um biosimiliar? O que é o estudo de comparabilidade? · Caracterização do medicamento comparador: Traçando um paralelo com o desenvolvimento de um medicamento genérico, tudo começa com o estudo profundo do medicamento comparador (“medicamento referência”), mas para biológicos é necessário analisar diversos lotes para caracterizá-lo corretamente visto que variações lote a lote são intrínsecas desse tipo de medicamento.Nessa fase é fundamental determinar quais são os atributos críticos de qualidade do produto (ACQP), que são as propriedades biológicas, estruturais e físico- químicas críticas para a segurança e eficácia do medicamento e, em paralelo, definir os intervalos aceitáveis de variabilidade para cada parâmetro escolhido. Esse é um passo fundamental para o desenvolvimento de um biosimilar pois é a partir dessas determinações que se define o “Design Space” para que o futuro produto sempre se mantenha dentro dos limites de variabilidade observados para o inovador. · Desenvolvimento do biosimilar: como em qualquer produto que vise ser uma cópia, essa etapa objetiva obter um produto o mais próximo possível de um medicamento inovador utilizando tecnologia, substratos e excipientes semelhantes ao biológico novo. · Testes físico químicos comparativos: num desenvolvimento do medicamento sintético compara-se o medicamento teste com o inovador com os estudos de equivalência farmacêutica. No caso de produtos biológicos, estes testes não são aplicáveis, devendo-se realizar o exercício da comparabilidade que precisa ser estruturado cuidadosamente, visando demonstrar que o produto em desenvolvimento possui atributos de qualidade altamente similares ao medicamento comparador em termos de estrutura e atividade biológica. Os testes físico-químicos, idealmente, devem ser realizados por diferentes técnicas analíticas para cada parâmetro estudado pois, como as moléculas biológicas são extremamente complexas um único método não alcança demonstrar toda a compreensão em relação a propriedade analisada, devendo elucidar as semelhanças em relação à estrutura primária (sequência de aminoácidos), secundária (resultante de ligações de hidrogênio que ocorrem entre o hidrogênio do grupo – NH e o oxigênio do grupo C ═ O), terciária (resultando das dobras sobre si mesmas das estruturas primárias das proteínas dando origem a uma disposição espacial) e, em alguns casos, quaternária (quando as proteínas unem-se por meio de interações proteína-proteína não-covalente formando um agregado proteico). · Caracterização funcional comparativo: atividade biológica, ligação ao alvo do receptor e o perfil de impurezas do processo produtivo e ao produto. · Testes pré-clínicos comparativos. · Estudo clínico comparative. Os dados analíticos de boa qualidade são imprescindíveis para possibilitar a redução dos requisitos de dados não-clínicos e clínicos, lembrando que é necessário submeter o conjunto de dados dos itens 3 a 5 no DDCM (Dossiê de Desenvolvimento Clínico do Medicamento) juntamente com a proposta de desenvolvimento clínico para que a ANVISA analise, e autorize a execução da etapa clínica. O estudo da comparabilidade inclui os estudos pré-clínicos e clínicos e ao final deve demonstrar alta similaridade entre o produto em desenvolvimento e o comparador, sendo que as eventuais diferenças devem ser justificadas e demonstrarem que não há impacto significativo sobre a segurança e eficácia.


O desenvolvimento de um biosimilar requer tecnologia e mão-de obra especializadas e obviamente possui um custo relativamente maior que o de um genérico (pelo menos 10 vezes maior), mas em contrapartida, concorre com número inferior de competidores e os preços são muito mais atrativos.


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