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Inovação – A força motriz da Indústria Farmacêutica

Atualizado: 4 de mai. de 2021



Texto extraído da entrevista com Wilson Borges, disponível em nosso canal do YouTube.


Wilson Borges é um profissional muito conhecido e muito conhecedor da indústria farmacêutica. O Wilson tem 40 anos de vivência na indústria, trabalhou 20 anos na Pfizer e teve a oportunidade de lançar muitos produtos blockbusters. Também liderou unidades de negócio na Roche e na Wyeth. Nos últimos 15 anos ele foi CEO na Zambon, na Medley e da Natulab. Atualmente, Wilson é consultor, e trabalha fazendo mentoring e palestras sobre gestão de pessoas e engajamento.



O nosso tema de hoje é a Inovação na Industria Farmacêutica.


WILSON BORGES


A indústria farmacêutica vive de inovação, por isso, investimentos no desenvolvimento e na inovação farmacêutica é a coisa mais importante do setor, e vemos que mesmo nos momentos de grande recessão, os investimentos em tecnologia e desenvolvimento de novas drogas continuam muito forte nas grandes empresas em todo mundo.



A inovação global:

Para se ter uma ideia da dimensão disso, segundo o cálculo do Centro Tufts – são centros de estudo de investimento em desenvolvimento de drogas nos Estados Unidos – o gasto médio em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos pela indústria farmacêutica global (e temos que lembrar que o tempo da pesquisa básica até teste clínico é em torno de dez a doze anos), foi em 2019 por volta de 180 bilhões de dólares e deve passar dos 200 bilhões até 2024.


E quando olhamos para frente, a coisa fica ainda mais representativa na medida em que a população envelhece. Existe aí uma corrida muito grande por inovação, a chamada ciência da vida, aquela que não só leva a cura de algumas doenças, mas também permite maior qualidade de vida convivendo com enfermidades. A demanda de recursos financeiros e humanos é enorme nos processos de desenvolvimento para as drogas de qualidade de vida, principalmente no mercado de doença crônica e/ou autoimune como: artrite reumatoide, diabetes e câncer. Eu vejo que se tem algo que não mudou em relação nos últimos 30, 40 ou 50 anos é o desejo da indústria farmacêutica em inovar e a prioridade em investir em pesquisa e desenvolvimento.



Inovação farmacêutica no Brasil:

A indústria local tem apresentado uma série de iniciativas para o desenvolvimento de moléculas inovadoras, porém com o surgimento acelerado de novas tecnologias a nova demanda regulatória pede mais testes de alta tecnologia, mais pacientes e mais tempo de análise, isso tudo faz o desenvolvimento farmacêutico ficar bem mais caro e de difícil acesso aos mercados emergentes. E não é só o recurso financeiro, faltam cabeças para tocar esses projetos como de biossimilares, biotecnologia e genoma; as grandes cabeças estão em geral contratadas pelas grandes multinacionais. Nós temos empresas aqui no Brasil que foram buscar fora grandes pesquisadores para começar um desenvolvimento, mas isso ainda é bem inicial e está muito aquém daquilo que grandes multinacionais fazem. Quando olhamos para o apoio governamental para pesquisa no país, é ridículo, praticamente não existe, então tem um ponto também que é cultural, que agora nós estamos começando a lidar melhor com ele; quando eu digo nós me refiro ao seguimento farmacêutico. Considerando que o desenvolvimento de produto em média leva dez anos e segundo as estatísticas de cada dez drogas só uma vinga, o risco do investimento é muito alto, algo que o empresário nacional não estava acostumado. Tem iniciativas como a Bionovis e outras que com algum pouco recurso de BNDES e algumas parceiras têm evoluído, mas ainda os empresários no Brasil têm um certo receito, porque corre o risco de passar anos investindo milhões e chegar lá no final e o produto não vingar.



Atratividade do mercado brasileiro para as empresas farmacêuticas internacionais:

O Brasil tem uma coisa que é fantástica que é o mercado. Apesar dos constantes problemas políticos, financeiros, instabilidade econômica, inflação alta, o dólar sobe, o dólar desce; o Brasil foi é e será sempre um dos principais mercados globais, não só na área farmacêutica, eu acho que em vários outros segmentos.

No farmacêutico em especial se olharmos para o futuro e comparar com os países do primeiro mundo, é aqui que vai ter maior taxa de envelhecimento e crescimento populacional, muito diferente dos países como Estados Unidos e Europa que estão estagnados em termos populacionais.


Qualquer empresa farmacêutica que queira realmente crescer, tem que estar no Brasil, não tem como não estar no Brasil. Nós temos muita coisa positiva e tem um mercado gigante, e por pior que seja, nós temos muitos programas bons de acesso a medicação gratuita, aliás, se pegarmos o mercado de medicamentos de alto custo, é quase que 100% bancado pelo governo. Eu acho que o Brasil teve um período muito sério na década de 80 mas hoje o Brasil sempre é prioridade na maior parte das empresas farmacêuticas do mundo, para não dizer em todas.




Profissionais da área de inovação/novos negócios no Brasil:

Nós temos pessoas muito capacitadas quando olhamos para o lado técnico de desenvolvimento, laboratórios experimentais bem montados e parcerias com universidades, mas quando olhamos para o que é novo negócio hoje para uma farmacêutica, eu acho que ainda precisamos caminhar um pouco no escopo da posição. Nós vemos que as áreas de desenvolvimento de negócio estão ganhando mais espaço e mais profissionais qualificados nas empresas, sejam elas locais ou multinacionais.

Novos negócios são o combustível da empresa para garantir competitividade a longo prazo e está todo mundo ligado nisso. Tem dados que mostram que inovação é a principal prioridade na agenda estratégica de mais de 60% das empresas da área farmacêutica e ciências da vida no Brasil, só estamos atrás do setor de bens de consumo que chega a quase 70%, então, o que tem que acontecer agora é um aprimoramento e um alinhamento do escopo do trabalho do gestor da área de novos negócios que ganhou muita importância.


Era uma área que praticamente não existia, era só para cumprir tabela, e o grande holofote estava no time de marketing. Hoje isso já está mais dividido e o holofote em um gerente ou em um diretor de novos negócios é gigante, ele tem que buscar parceria, ele tem que buscar desenvolvimento, ele tem que buscar oportunidades todo ano, então a função ganhou um escopo mais interessante, e os profissionais a medida do tempo, estão se adaptando a isso.




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