O canal da Inovatie no YouTube entrevistou recentemente Suelia Fleury Rosa, Engenharia Eletrônica graduada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, com mestrado em Engenharia Eletrônica – Mecatrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), doutorado em Engenharia Eletrônica e Biomédica pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutorado no Media Lab no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O tema central da entrevista foi a inovação que vem da universidade, e durante a conversa Suelia destacou, entre outros pontos, a importância da parceria entre diversos atores para que o Brasil avance no desenvolvimento de tecnologias que tragam benefícios à saúde da população.
Ela contou sobre sua trajetória como pesquisadora e desenvolvedora de novas tecnologias e destacou: “quando me formei, há 20 anos, meu sonho era fazer a diferença. E logo percebi que a motivação interna é importante para que possamos vencer os obstáculos.”
Suelia comentou que é comum, aos pesquisadores, quando iniciam uma pesquisa, ressaltar que o seu desejo é que o produto, medicamento ou dispositivo criado seja aplicado no Sistema Único de Saúde (SUS), mas que existem tantas variáveis a serem consideradas, tantos setores que precisam estar conectados para que tudo aconteça, que a maioria deles desconhece.
“Eu mesma, quando comecei a fazer pesquisa, desconhecia temas como aspectos regulatórios, não tinha ideia do que era um comitê de ética. Mas fui buscando informação e conhecimento, até que cheguei a ser a primeira engenheira a fazer parte do Comitê de Ética da Universidade de Brasília.”
Suelia destacou que o primeiro passo no desenvolvimento de uma tecnologia é o pesquisador perceber que existem vários elos e que é preciso contar com diversos atores, dos mais variados setores, para que possa ser possível construir algo exequível e que seja incorporado ao SUS.
O desenvolvimento do respirador Vesta
Seguindo sua vocação pela busca constante de desenvolver produtos que possam contribuir com a saúde da população, Suelia coordenou um grupo de pesquisa que desenvolveu o respirador Vesta, uma máscara do tipo PFF2 que possui três camadas de proteção e que foi recentemente aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para que o sonho se transformasse em realidade, ela contou com o apoio e conhecimento da Inovatie em diversas etapas do projeto, como no desenho do estudo clínico.
“Para que o projeto pudesse verdadeiramente impactar e fazer a diferença na saúde, procuramos parcerias com empresas que tivessem interesse em desenvolver a ideia. Até que, depois de alguns ajustes, fechamos uma parceria com a Life Care Medical.”
Algumas alterações foram necessárias, como, por exemplo, nos maquinários, para que a nova peça pudesse ser produzida. Mas nem só a empresa foi envolvida. A universidade teve que deixar a bancada de lado e dialogar também com a Anvisa e outros órgãos.
Planos para o futuro
Suelia contou que para os próximos dois anos ela pretende focar seu trabalho no desenvolvimento de dois projetos: um voltado para a neoformação tecidual (protocolo para tratamento do pé diabético) e outro para o desenvolvimento de um equipamento de ablação por radiofrequência.
Mensagem para os investigadores das universidades
“Devemos procurar nos manter motivados, seja em qual cenário for. Mas além disso, busquem ajuda para compreender todas as etapas de um projeto de pesquisa, para elucidar o caminho. É hora de desconstruirmos a informação de que pesquisa só é feita em laboratório. Temos que buscar apoio de empresas parceiras, de laboratórios e conectar pesquisadores para que realmente possamos transformar em realidade aquilo que está na nossa mente e no papel.”
E finalizou: “precisamos ter a capacidade de ver que uma pesquisa não é nossa. Ela é da sociedade; portanto, compartilhe-a com outros colegas pesquisadores.”
Confira a entrevista completa no link abaixo para nosso canal no YouTube ou em formato de podcast pelo Spotify:
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