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Cannabis para usos terapêuticos: seria este um novo mercado?

Atualizado: 10 de fev. de 2021



A utilização da Cannabis para fins terapêuticos é bastante antiga; talvez tenha se iniciado séculos antes de cristo, mas foram nos últimos 40 anos que foram realizados inúmeros estudos clínicos gerando evidencias, e nos Estados Unidos, a primeira aprovação ocorreu em 2018, onde o produto Epidiolex, a base de canabidiol, foi aprovado pelo FDA com indicação para 2 tipos de epilepsia. À medida que os estudos avançam e a experiência com o produto aumenta surgem maiores possibilidades de indicação, sendo hoje usado para o tratamento de condições crônicas, como câncer, artrite; e condições neurológicas, como ansiedade, depressão, epilepsia, doença de Parkinson e Alzheimer. Prevê-se que esse amplo escopo de aplicação seja um bom presságio para a demanda do produto, sendo que a alta prevalência de câncer é considerada um grande driver na demanda do produto. No Mundo O tamanho global do mercado legal da Cannabis e seus derivados atingiu US $ 17,7 bilhões em 2019 deverá atingir US $ 73,6 bilhões até 2027, de acordo com um novo relatório publicado pela Grand View Research, Inc. Prevê-se uma expansão em um CAGR de 18,1% durante o período previsto, e espera-se que a legalização crescente da Cannabis para uso médico e para adultos promova o crescimento. Com base no tipo de utilização, o segmento médico deteve a principal participação na receita de 71,0% em 2019, e com base no tipo de produto, o segmento legal de maconha em forma de planta representou a maior participação de mercado em termos de receita e foi avaliado em 9,1 bilhões de dólares em 2019. No Brasil Por aqui é tudo muito recente, mas já existe um mercado estabelecido de produtos à base de canabidiol. Muito difícil de dimensionar, este mercado é composto pelas importações feitas pelos pacientes. Com os novos registros de novos produtos os estudiosos da área estimam um mercado inicial total que vai de R$ 2 bilhões podendo chegar rapidamente a R$ 5 bilhões segundo os mais otimistas. Hoje temos somente um produto a base de canabidiol em comercialização com indicação para esclerose múltipla, e vários outros em processo de desenvolvimento ou registro. Os novos produtos devem vir com indicações variadas, e estima-se a possibilidade de 40 indicações terapêuticas, e talvez por isso e pelos valores estimados, para alguns, este seria um novo mercado e não um segmento, pois ainda não existe nenhum produto farmacêutico com tantas possíveis indicações. O consumo do produto em forma de planta também poderia ser o indicador de um novo mercado. No Brasil o plantio da Cannabis não foi autorizado, o que significa que qualquer atividade relacionada será considerada atividade criminosa, assim sendo o mercado legal da Cannabis na forma de planta será inexistente. Para as empresas atuantes no setor será um poderoso concorrente fora do mercado legal, mas terão o desafio de dimensionamento do mercado clandestino que pode impactar de alguma forma a venda de seus produtos.


Em dezembro a Anvisa definiu as regras de registro e utilização do produto, com muitos cuidados e restrições que passaram a valer a partir de 10/03/2020, ( www.inovatie.net.br/cannabis-o-que-pode-e-o-que-nao-pode-na-nova-regulamentacao/), Isso pode dificultar a diferenciação entre os produtos e até mesmo a prescrição pelos médicos, especialmente em indicações não aprovadas.


De maneira geral, diferente de alguns países, no Brasil o canabidiol seguirá as mesmas regras do mercado farmacêutico de prescrição na regulamentação, na distribuição, no controle, tendo o médico como o grande gerador de demanda. Isso pode impactar na velocidade do crescimento do mercado, mas não vai tirar o brilho e as promessas desta nova terapia.


Autora:

Nilva Bortoleto



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